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Bandeira da Revolução de 1817 |
Portugal até então
não havia fundado nenhuma universidade no Brasil. A elite intelectual
brasileira era pequena e poucos possuíam recursos para custear um curso
superior na Europa ou em seminários religiosos.
Por isso merece
destaque o seminário de Olinda, fundado em 1800, que teve entre seus
professores e alunos notáveis pensadores e militantes políticos liberais.
Muitos deles deram importante contribuição às revoltas pernambucanas de 1817 e
1824 e à própria organização política do Império. (Andrade, 1995:10).
Na difusão das
ideias liberais, se destacou o médico e botânico paraibano Manuel de Arruda
Câmara, que estudou na França e trouxe para o Brasil os ideais maçônicos,
fundando no Pernambuco em 1796 o “Areópago(3) de Itambé”, a primeira loja da
Maçonaria oficialmente reconhecida no Brasil. Em 1814 há o estabelecimento em
Recife da loja maçônica “Patriotismo”. Em 1816 funcionavam em Pernambuco mais
três lojas: “Restauração”, “Pernambuco do Oriente” e “Pernambuco do Ocidente”,
as duas últimas fundadas pelo comerciante mulato Antônio Gonçalves da Cruz,
conhecido como “Cabugá”. Estas lojas eram apresentadas ao público como
academias de intelectuais, pois os membros de sociedades secretas eram sujeitos
a condenação por crime de lesa-majestade. Os maçons passaram a fazer reuniões
sigilosas e discutir diversos assuntos, entre os quais estavam as "infames
ideias francesas" e a elaboração de planos para uma revolução.
Entre eles
destacavam-se os padres, comerciantes, militares, juízes e proprietários de
terras e de escravos. Homens ricos, instruídos e poderosos, que buscavam
alternativas variando de ideias conservadoras como uma Constituição que
limitasse os poderes da família real portuguesa ao radicalismo de uma república
independente com reforma tributária, baseada nas ideias de liberdade, igualdade
e federação, que lhes permitisse manter os direitos e privilégios que possuíam
na ordem colonial.
Entre os líderes e
participantes da Revolução Pernambucana de 1817 estavam diversos maçons
comprovados: padre João Ribeiro de Pessoa de Mello Montenegro, Domingos José
Martins e capitão Domingos Theotônio Jorge Martins Pessoa, os três eleitos
membros da Junta Governista; padre Miguel Joaquim de Almeida Castro (padre
Miguelinho), eleito Secretário de Estado do governo provisório; o capitão José
de Barros Lima (Leão Coroado), capitão Pedro da Silva Pedroso e o tenente José
Mariano de Albuquerque Cavalcanti, responsáveis pelo início do levante no
quartel de Artilharia e o comerciante Antônio Gonçalves da Cruz (Cabugá),
embaixador do governo provisório nos Estados Unidos e responsável pela compra
de armas para a revolução.
O padre maçom
Francisco Muniz Tavares, participante da revolução, descreve da seguinte forma
a influência da Maçonaria no movimento pernambucano:
Na vida efêmera de
74 dias, decurso do regime republicano de 1817, a revolução espalhou-se
rapidamente não só ao norte e sul, graças as credenciais de Suassuna preparando
o espírito dos irmãos ao norte em repetidas viagens, de Teotônio Jorge fazendo
o mesmo ao sul e de José Luiz Mendonça iniciando em sua casa os capitães do
interior. Para o provar citamos as palavras de Oliveira Lima, referindo-se à
generalização no centro da província e na Paraíba, onde não foi preciso
inflamar a propaganda: “Os proprietários rurais, os militares e os populares
que marchavam para a capital da capitania onde as lojas maçônicas havia anos se
nutriam dos novos ideais, foram ali recebidos com efusão, sendo proclamado o
novo regime no dia 13 de março e organizada uma junta temporária, a exemplo de
Pernambuco.” (Pereira, 2010).
Fonte: Sylvio Mário Bazote – Historiador e Psicólogo de Juiz de Fora – Minas Gerais
Fonte: Sylvio Mário Bazote – Historiador e Psicólogo de Juiz de Fora – Minas Gerais
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