A tradição nativista do nordeste vinha se manifestando desde a expulsão dos holandeses. Além desse sentimento revigorado na Guerra dos Mascates, mais tarde, as ideias da Revolução Francesa, a Independência da América espanhola e a dos Estados Unidos, tiveram uma grande repercussão na Colônia que nem mesmo a estadia da Família Real no Brasil impediu que explodisse uma revolução que além de caráter separatista, o objetivo era implantar no Brasil o regime republicano.

A insatisfação dos
pernambucanos era tão grande que demonstravam publicamente em banquetes
políticos onde se servia a farinha de mandioca substituindo o trigo e no lugar
do vinho bebia-se a cachaça. O governador pernambucano, Caetano Pinto de
Miranda Montenegro já havia recebido denúncia. Mas não tomara providências.
Porém na festa da comemoração da Expulsão dos holandeses, um oficial do
“Regimento dos Henriques”, espancara um português que insultava uns
brasileiros, ocasionando uma briga entre portugueses e brasileiros. No dia 4 de
março, o governador de Pernambuco manda prender os suspeitos: Domingos José
Martins e Antônio Gonçalves da Cruz Cabugá. A revolução começou no quartel. Os
revoltosos tomaram o governo e proclamaram a República.
A notícia do sucesso
da Revolução chegou à Paraíba no dia 7 de março onde já se esperava o movimento
que do Recife, para entrarem em ação. Um triunvirato governava a Paraíba
substituindo legalmente o falecido governador, Antônio Caetano Pereira: André
Alves Pereira Ribeiro Cirne (Ouvidor Geral), Tenente Coronel Adjunto de Ordens,
Francisco José da Silveira e Manoel Ribeiro de Almeida, o mais velho vereador.
A Junta Governativa
na Paraíba tomando conhecimento do ocorrido prepara um plano de defesa:
- Convocação dos
comandos dos corpos de guarda para prontidão.
- Comunicação ao Rio
de Janeiro das ocorrências.
- Provisão de
recursos; munições e víveres para a guarnição.
Esse plano foi feito
por José Francisco da Silveira (um dos componentes da Junta Governativa, aliado
aos revolucionários), que viu nesse plano um meio de desembaraçar o dinheiro
para suprir a guarnição, pois muitos dos seus comandantes eram como ele,
aliados do movimento revolucionário.
Propôs ainda
Francisco José da Silveira que convidassem Amaro Gomes Coutinho e Estevão da
Cunha também eram adeptos do movimento e além de serem ricos dispunham de
muitos trabalhadores que seriam de grande valia para a causa da Revolução.
Itabaiana foi a
primeira cidade paraibana a seguir o exemplo de Pernambuco. Foi o jovem Manoel
Clemente Cavalcante que proclamou “Independência e Liberdade” e foi seguido por
toda povoação. Amaro Coutinho, Estevão Carneiro e Francisco José da Silveira,
souberam do ocorrido em Itabaiana e se reuniram para, aparentemente,
desenvolver o plano definido do governo legal mas na realidade eles estavam
favorecendo a rebelião.
No dia 13 de março,
o Ouvidor André Alves foge, sentindo insegurança.
Há um momento na rua
e José Peregrino de Carvalho dispara o primeiro tiro da Revolução da Paraíba.
Após o tiro, todos se deslocam sob o comando de Amaro Coutinho e Estevão
Carneiro para o Largo do Palácio. Entram no Palácio onde encontram alguns
membros do governo interino.
Os revolucionários
declaram a necessidade da organização de outro governo devido a fuga do Ouvidor
Geral e mesmo “não queremos ter mais Rei e sim a nossa República, pelo que há
de ser um Governo Provisório e de Liberdade”. O governo interino renunciou.
Prenderam alguns milicianos contra a Revolução e proclamaram o novo regime. No
mastro da praça hasteiam a bandeira dos revolucionários no lugar da bandeira
lusitana.
Amaro Coutinho e
Estevão Carneiro da Cunha permaneceram no palácio. A fortaleza de Santa
Catarina é tomada pelo capitão José de Melo e o alferes Joaquim Avundano. No
dia 15 de março entra na capital um exército vindo de Nossa Senhora do Taipu,
Pilar e Itabaiana.
GOVERNO PROVISÓRIO
DA REVOLUÇÃO
No dia 16 de março
reúnem-se os líderes da revolução, para a escolha dos dirigentes da Paraíba.
Foram eles: Francisco Xavier Monteiro da Franca; Padre Antônio Pereira de
Albuquerque, Inácio Leopoldo e Francisco José da Silveira. Na sala grande do
Palácio se fez a publicação dos novos eleitos para o Governo Provisório. O novo
governo fez um Auto de Juramento: defender a Pátria, a Religião e a Liberdade.
A Revolução também
se espalhou por Mamanguape, Bananeiras, Serra da Raiz e outras povoações
prestaram solidariedade ao governo Republicano, Cabaceiras, São João, Pombal,
Vila Nova da Rainha (Campina Grande), Brejo de Areia, enfim, a Paraíba toda.
O governo
republicano funcionava e tudo corria aparentemente bem. Nos fins de março, o
Governo Provisório recebe um ofício do governo do Rio Grande do Norte, pedindo
socorro militar para a efetiva consolidação do governo revolucionário naquela
província. Organizou-se uma expedição que foi entregue a José Peregrino Xavier
de Carvalho.
CONTRA-REVOLUÇÃO
O Conde dos Arcos,
que governava a Bahia, mandou organizar forças militares para a restauração das
províncias sublevadas. Do Rio de Janeiro vieram mais reforços.
O Recife foi
bloqueado por mar e terra e, dentro de pouco tempo, tomado. A notícia chegou à
Paraíba e os monarquistas começaram a se movimentar e a organizarem planos para
a retomada do poder. Além disso, houve muitas conspirações.
O ataque a Paraíba
foi planejado através do Sanhauá, Cruz das Armas, Cabo Branco e Arraial
(Penha), por tropas vindas de Alhandra, Conde, Santa Rita e Pilar. O cerco se
apertava mais com o auxílio dos realistas do Rio Grande do Norte e Ceará.
O primeiro combate
foi em Itabaiana, terra que primeiro proclamou a República. Na capital, três
mil homens entram e tomam a cidade, não encontrando resistência por parte dos
revolucionários. A capitulação é assinada no Convento de São Bento.
Peregrino de
Carvalho se aproxima da Paraíba. O seu pai vai encontrá-lo em Cruz das Armas e
num diálogo que passou para a história conseguiu que o jovem revolucionário se
entregasse. Foi preso no convento de São Bento.
Três realistas
assumem o governo na Paraíba. Dr. Gregório José da Silva Coutinho como
Corregedor e Ouvidor; o capitão João Soares Neiva e o vereador mais velho
Manoel José Ribeiro de Almeida.
Começaram as
prisões. Alguns conseguiram fugir, mas aqueles que acreditaram que, rendidos,
seriam perdoados, sofreram dolorosas penas e muitos pagaram com a vida o seu
ideal de liberdade. Os revoltosos condenados à morte foram: Amaro Gomes da
Silva Coutinho; José Peregrino Xavier de Carvalho; Francisco José da Silveira;
Inácio Leopoldo de Albuquerque Maranhão; Antônio Pereira de Albuquerque Melo.
Os revoltosos foram
executados em Recife e suas cabeças e mãos, salgadas, foram enviadas à Paraíba
para serem expostas nos principais locais da cidade, como advertência.
Fonte: historiadaparaiba.blogspot.com.br
– Postado pelo Professor Josias
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Projeto da UEPB
resgata capítulo da 'Revolução de 1817' em João Pessoa. Revolta foi mais a
emblemática luta pela liberdade na região Nordeste. Objetivo é resgatar a
memória e restaurar o patrimônio ligado ao movimento
Quase 200 anos
depois, um capítulo importante da história de 428 anos João Pessoa começa a ser
resgatado. Um projeto desenvolvido pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)
em parceria com o Ministério da Justiça vem trabalhando há pouco mais de um ano
para a valorização da participação da Paraíba na Revolução de 1817, também
conhecida como Revolução Pernambucana.
De acordo com a
professora coordenadora, Eliete Gurjão, o projeto “Antes que se apague
completamente” tem dois focos: rememorar o movimento na Paraíba e restaurar o
patrimônio histórico relacionado à revolução. A professora da UEPB explicou que
o movimento surgido no estado de Pernambuco teve uma repercussão muito forte na
Paraíba, devido a proximidade, no entanto não desfruta do mesmo reconhecimento
histórico que possui no estado vizinho.
“A Paraíba teve uma
participação muito importante na revolução. Digamos que tenha sido o segundo
estado mais importante na manifestação, mas sua história foi obscurecida. O
movimento insurgido no interior, nas cidades de Itabaiana e Pilar - mais
próximas de Pernambuco, resultaram na destituição do governo partidário português
na capital e na proclamação da república. Até uma Constituição começou a ser
discutida à época. Estamos trabalhando para remorar este momento”, comenta.
Exposição na Praça Rio Branco conta a
história da Festa das Neves
Casarões históricos ameaçam desabar em João
Pessoa
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Antigo núcleo econômico de João Pessoa vira
praça com roda de chorinho
Em pesquisa
realizada pelo projeto no mês de julho de 2013, 73% dos entrevistados afirmaram
não conhecer absolutamente nada sobre a Revolução de 1817 e outros 62%
responderam não ter nenhum tipo de curiosidade sobre o nome da Praça 1817. A
pesquisa ainda apontou um desejo geral dos entrevistados em fortalecer a
identidade paraibana, cerca de 90% foram favoráveis a projetos de resgate e
reforço da identidade.
Além de pesquisas, o
projeto coordenado pela professora Eliete Gurjão já promoveu duas exposições no
Centro de João Pessoa e contribui para a restauração de monumentos da capital
destinados a reservar parte da história da Revolução Pernambucana na Paraíba.
“Realizamos a restauração de quatro placas comemorativas do primeiro centenário
da revolução, todas localizadas na parte histórica do Centro de João Pessoa.
Estamos finalizando os trabalhos de restauração da última placa para
concluirmos esta parte de restauração”, ressaltou.
Revolução de 1817 na
Paraíba
Para contar sobre a
revolução no estado, Eliete Gurjão relata que é preciso explicar o momento
histórico de revoluções que aconteciam ao redor do mundo na época, dentre as
quais a independência dos Estados Unidos e de colônias vizinhas da América
Espanhola. Segundo ela, a revolução nasceu do momento de efervescência popular,
somado à insatisfação da classe burguesa diante da queda dos preços dos produtos
de exportação, base da economia nordestina, e da falta de investimentos na
região em detrimento ao desenvolvimento no Sul e Sudeste.
“Existia uma
insatisfação geral da população com a relação ao governo português. Questões
como urbanização e a exploração da coroa para o custeio da Família Real no
Brasil eram discutidas pela sociedade. Foi neste cenário que eclodiu a revolta
em Pernambuco e rapidamente se espalhou pelos outros estados do Nordeste. É
importante ressaltar também a participação do padres e da Maçonaria no
movimento”, relatou a professora.
Fonte: Projeto da UFPB
coordenado pela Professora Eliete Gurjão
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