segunda-feira, 6 de março de 2017

25 - Revolução Pernambucana pela Wikipedia

A Revolução Pernambucana, também conhecida como Revolução dos Padres, foi um movimento emancipacionista que eclodiu em 6 de março de 1817, na então Capitania de Pernambuco, no Brasil.

Dentre as suas causas, destacam-se a influência das ideias Iluministas propagadas pelas sociedades maçônicas (sociedades secretas), a crise econômica regional, o absolutismo monárquico português e os enormes gastos da Família Real e seu séquito recém-chegados ao Brasil — o Governo de Pernambuco era obrigado a enviar para o Rio de Janeiro grandes somas de dinheiro para custear salários, comidas, roupas e festas da Corte, o que ocasionava o atraso no pagamento dos soldados, gerando grande descontentamento do povo brasileiro.

Foi o único movimento separatista do período colonial que ultrapassou a fase conspiratória e atingiu o processo revolucionário de tomada do poder.

Contou com relativo apoio internacional: os Estados Unidos, que dois anos antes tinham instalado no Recife o seu primeiro Consulado no Brasil e no Hemisfério Sul devido às relações comerciais com Pernambuco, se mostraram favoráveis à revolução, bem como os ex-oficiais de Napoleão Bonaparte que pretendiam resgatar o seu líder do cativeiro em Santa Helena, levá-lo a Pernambuco e depois a Nova Orleans.

Antecedentes

No começo do século XIX, Olinda e Recife, as duas maiores cidades pernambucanas, tinham juntas cerca de 40 mil habitantes (o Rio de Janeiro, capital da colônia, possuía 60 mil habitantes). O porto do Recife escoava a produção de açúcar, das centenas de engenhos da Zona da Mata, e de algodão. Além de sua importância econômica e política, os pernambucanos tinham participado de diversas lutas libertárias. A primeira e mais importante tinha sido a Insurreição Pernambucana, em 1645. Depois, na Guerra dos Mascates, foi aventada a possibilidade de proclamar a independência de Olinda.

As ideias liberais que entravam no Brasil junto com os viajantes estrangeiros e por meio de livros e de outras publicações, incentivavam o sentimento de revolta entre a elite pernambucana, que participava ativamente, desde o fim do século XVIII, de sociedades secretas, como as lojas maçônicas. Em Pernambuco as principais foram o Areópago de Itambé, a Patriotismo, a Restauração, a Pernambuco do Oriente e a Pernambuco do Ocidente, que serviam como locais de discussão e difusão das "infames ideias francesas". Nas sociedades secretas, reuniam-se intelectuais religiosos e militares, para elaborar planos para a revolução.

A fundação do Seminário de Olinda, filiado a ideias iluministas, deve ser levada em consideração. Não é por outro motivo que o levante ficaria conhecido como "revolução dos padres", dada a participação do clero católico. Frei Caneca tornar-se-ia um símbolo disso.

Causas imediatas

- Presença maciça de portugueses na liderança do governo e na administração pública;
- Criação de novos impostos por Dom João VI provocando a insatisfação da população pernambucana. Segundo escritor inglês então residente no Recife, era grande a insatisfação local ante a obrigatoriedade de se pagarem impostos para a manutenção da iluminação pública do Rio de Janeiro, enquanto no Recife era praticamente inexistente a dita iluminação;
- Grande seca que havia atingido a região em 1816 acentuando a fome e a miséria e ocasionando uma queda na produção do açúcar e do algodão, produtos que eram a base da economia de Pernambuco e que começaram a sofrer concorrência do algodão nos Estados Unidos e do açúcar na Jamaica;
- Influências externas com a divulgação das ideias liberais e iluministas, que estimularam as camadas populares de Pernambuco na organização do movimento de 1817;
- A crescente pressão dos abolicionistas da Europa que vinha criando restrições gradativas ao tráfico de escravos, mão de obra que se tornava cada vez mais cara e que era o motor de toda a economia agrária pernambucana;
- O movimento queria a Independência de Pernambuco sob um regime republicano.

Efeitos da Revolução em outros estados

Em 1817, a tranquilidade da futura Vila Imperial dos Patos (atual cidade de Patos) foi quebrada pela efervescência da Revolução Pernambucana, que culminaria no movimento denominado Confederação do Equador. O vigário de Pombal, José Ferreira Nobre, assumiu a função de propagá-lo em todo o Sertão da Paraíba. Como único caminho que ligava o interior ao mundo civilizado, Patos também se tornou rota dos revolucionários, que objetivavam proclamar uma república baseada na constituição da Colômbia.

O decorrer da revolução

A bandeira da Revolução Pernambucana de 1817 (imagem) inspirou a atual bandeira de Pernambuco. As três estrelas representam Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, e outras estrelas seriam inseridas ao passo que outras capitanias do Brasil aderissem oficialmente à confederação.

O movimento iniciou com a ocupação do Recife, em 6 de março de 1817. No regimento de artilharia, o capitão José de Barros Lima, conhecido como Leão Coroado, reagiu à voz de prisão e matou a golpes de espada o comandante Barbosa de Castro. Depois, na companhia de outros militares rebelados, tomou o quartel e ergueu trincheiras nas ruas vizinhas para impedir o avanço das tropas monarquistas. O governador Caetano Pinto de Miranda Montenegro refugiou-se no Forte do Brum, mas, cercado, acabou se rendendo.

O movimento foi liderado por Domingos José Martins, com o apoio de Frei Caneca e de Antônio Carlos de Andrada e Silva (irmão de José Bonifácio). Tendo conseguido dominar o Governo de Pernambucano, se apossaram do tesouro, instalaram um governo provisório e proclamaram a República.

Em 29 de março foi convocada uma assembleia constituinte, com representantes eleitos em todas as comarcas. Nela, foi estabelecida a separação entre os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário; o catolicismo foi mantido como religião oficial — porém com liberdade de culto —; foi proclamada a liberdade de imprensa (uma grande novidade no Brasil); e foram abolidos alguns impostos. A escravidão, entretanto, foi mantida.

À medida que o calor das discussões e da revolta contra a opressão portuguesa aumentava, crescia, também, o sentimento de patriotismo dos pernambucanos, ao ponto de passarem a usar nas missas a aguardente (em lugar do vinho) e a hóstia feita de mandioca (em lugar do trigo), como forma de marcar a sua identidade.

Expansão e queda

As tentativas de obter apoio das capitanias vizinhas fracassaram. Na Bahia, o emissário da revolução, José Inácio Ribeiro de Abreu e Lima, o Padre Roma, foi preso ao desembarcar e imediatamente fuzilado por ordem do governador, o conde dos Arcos. No Rio Grande do Norte, o movimento conseguiu a adesão do proprietário de um grande engenho de açúcar, André de Albuquerque Maranhão, que depois de prender o governador, José Inácio Borges, ocupou Natal e formou uma junta governativa, porém não despertou o interesse da população e foi tirado do poder em poucos dias. O jornalista Hipólito José da Costa foi convidado para o cargo de ministro plenipotenciário da nova república em Londres, mas recusou.

Grupo de esculturas representando Os Revolucionários Pernambucanos de 1817 na lateral direita do Monumento à Independência do Brasil, em São Paulo.
No Ceará, Bárbara de Alencar e seu filho Tristão Araripe aderiram ao movimento, mas foram detidos pelo Capitão-mor do Crato, José Pereira Filgueiras, por ordem do governador cearense, Manuel Inácio Sampaio e Pina Freire. José Pereira Filgueiras também participou da luta pela Independência do Brasil no Maranhão e da Confederação do Equador, quando se uniu a Tristão Gonçalves contra o governo imperial, sendo considerado um de seus heróis.

Tropas portuguesas enviadas pelo território baiano, chefiadas por Luís do Rego Barreto, avançaram pelo sertão de Pernambuco, enquanto uma força naval, despachada do Rio de Janeiro, bloqueou o porto do Recife. Em poucos dias 8.000 homens cercavam a capitania. No interior, a batalha decisiva foi travada na localidade de Ipojuca. Derrotados, os revolucionários tiveram de recuar em direção ao Recife. Em 19 de maio as tropas entraram no Recife e encontraram a cidade abandonada e sem defesa. O governo provisório, isolado, se rendeu no dia seguinte.

Apesar de sentenças severas, um ano depois todos os revoltosos foram anistiados, e apenas quatro haviam sido executados.

Auxílio externo

Em maio de 1817, Antônio Gonçalves da Cruz, o Cruz Cabugá, desembarcou na Filadélfia (Estados Unidos) com 800 mil dólares (atualizado ao câmbio de 2007 em aproximadamente 12 milhões de dólares) na bagagem com três missões:

- Comprar armas para combater as tropas de D. João VI
- Convencer o governo americano a apoiar a criação de uma república independente no Nordeste brasileiro.
- Recrutar alguns antigos revolucionários franceses exilados em território americano para, com a ajuda deles, libertar Napoleão Bonaparte, exilado na Ilha de Santa Helena, que seria transportado ao Recife.
- Porém na data de chegada do emissário aos Estados Unidos, os revolucionários pernambucanos já estavam sitiados pelas tropas monarquistas portuguesas e próximas da rendição. Quando chegaram ao Brasil os quatro veteranos de Napoleão recrutados conde Pontelécoulant, coronel Latapie, ordenança Artong e soldado Roulet, muito depois de terminada a revolução, foram presos antes de desembarcar.

Em relação ao governo americano, Cruz Cabugá chegou a se encontrar com o secretário de Estado, Richard Rush, mas somente conseguiu o compromisso de que, enquanto durasse a rebelião, os Estados Unidos autorizariam a entrada de navios pernambucanos em águas americanas e que também aceitariam dar asilo ou abrigo a eventuais refugiados, em caso de fracasso do movimento.

Consequências[editar

Dominada a revolução, foi desmembrada de Pernambuco, com sanção de João VI de Portugal, a comarca de Alagoas, cujos proprietários rurais haviam se mantido fiéis à Coroa, e como recompensa, puderam formar uma capitania independente.

Apesar de os revolucionários terem ficado no poder menos de três meses, conseguiram abalar a confiança na construção do império americano sonhado por D. João VI. A coroa nunca mais estaria segura de que seus súditos eram imunes à contaminação das ideias responsáveis pela subversão da antiga ordem na Europa.

Data Magna

Em 2007, o dia 6 de março foi declarado a Data Magna de Pernambuco, em virtude da Revolução Pernambucana.

Em 2009, o Governo de Pernambuco aprovou nova lei, alterando a Data Magna do Estado para o primeiro domingo de março.

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