segunda-feira, 6 de março de 2017

14 - Os Chefes da Revolução e Outras Lideranças


DOMINGOS JOSÉ MARTINS

Domingos Martins, filho de Joaquim José Martins e Joana Luíza de Santa Clara Martins, nasceu num vilarejo chamado Caxangá (hoje, Cachoeiro do Itapemirim) em 9 de maio de 1781 no Espírito Santo. Domingos era um homem bonito, alegre, elegante, e até mesmo um razoável poeta. Nascido num vilarejo chamado Caxangá (hoje, Cachoeiro do Itapemirim), no Espírito Santo, filho de pai militar, ele crescera na Bahia, onde se tornara comerciante, e também vivera alguns anos em Lisboa e em Londres. Já o Recife, para onde viera, em 1813, visando abrir uma filial de sua empresa, era uma cidade grande e movimentada. Lá viviam de trinta a quarenta mil almas, divididas em três bairros: o antigo Recife, do porto e dos sobrados onde moravam os comerciantes portugueses; Santo Antônio, onde ficavam os prédios públicos e os brasileiros pobres e remediados; além da nova Boa Vista, de ruas largas e belas residências. E o capixaba, que gostava de rodar pelo mundo afora, findara se instalando lá, definitivamente, por dois motivos: porque conhecera Maria Teodora e porque descobrira Pernambuco.

O capixaba não perdera tempo, tornando-se rapidamente benquisto e conhecido. Ajudava quem pedia. Promovia muitas festas no sobrado que alugara no Recife e no Engenho Irapama, arrendado no Cabo. E fundara a loja maçônica “Pernambuco do Ocidente”, onde, em segredo, com seus irmãos nessa ordem, planejava a revolução. Que, em 1817, já tinha até data para rebentar.

Domingos Martins, portanto, veio ao lugar certo para fazer revolução com a qual sonhava. Esta capitania era bem povoada e superava o Rio de Janeiro e a Bahia, em volume de negócios, um ano ou outro. O Seminário de Olinda era o maior centro de estudos do País, educando jovens e difundindo ideias democráticas desde 1800. A elite local orgulhava-se de ter expulsado daqui os holandeses, em 1654, e dois governadores lusos — Jerônimo Furtado, em 1666, e Sebastião de Castro, em 1710. E os pobres odiavam os portugueses, com quem frequentemente brigavam, nas ruas, em arruaças e distúrbios chamados de “mata-marinheiros”.

No início daquele ano, Domingos viajara para Salvador e para o Rio de Janeiro, em companhia do seu xará, o capitão Domingos Teotônio, e lá acertara tudo com seus confrades maçons. O levante aconteceria simultaneamente naquelas duas cidades e no Recife, as três maiores do País, na Semana Santa, em abril. Entretanto, o comerciante português “Carvalhinho”, um sujeito tão canalha que já levara várias surras, descobrira a trama, em Pernambuco, e a denunciara ao governador Caetano Pinto Montenegro. Que, no dia seis de março, ordenara a prisão dos líderes civis e militares do movimento.

Ficou Domingos rapidamente conhecido como separatista, inclusive pelos monarquistas. O governador Caetano Pinto Montenegro ordenou sua prisão. Os civis, inclusive Domingos, foram facilmente detidos. Mas, quando o brigadeiro português Manoel Barbosa, comandante no Regimento de Artilharia, dera ordem de prisão ao capitão José de Barros Lima, apelidado de “Leão Coroado” o caldo entornara. Em vez de se render, o Leão sacara a espada e o matara. E a rebelião começara no quartel daquela tropa, logo recebendo apoio do povo pobre do Recife e rapidamente se estendendo por todo Pernambuco, assim como pela Paraíba e pelo Rio Grande do Norte, nos dias seguintes. Domingos não passou muito tempo na prisão, pois no dia 6 de 1817 foi libertado em virtude da eclosão do movimento separatista. Logo fez parte do governo provisório, ocupando o cargo de representante do Comércio.

O capixaba Domingos Martins e a jovem pernambucana Maria Teodora da Costa eram apaixonadíssimos, mas havia uma grande barreira entre eles. Mesmo sendo branco, educado, de “boa família” e bem sucedido financeiramente, o rapaz nascera no Brasil. Já o pai da moça, o comerciante, capitalista e traficante de escravos Bento da Costa, um dos três homens mais ricos de Pernambuco, era português. E preferia entregá-la a um humilde caixeiro de loja, mas europeu de nascimento, do que a um filho da terra, por mais meritório que fosse. Para os lusos, como ele, os brasileiros eram gente de segunda categoria. Durante quatro longos anos o casal se vira apenas à distância, durante as cerimônias religiosas, comunicando-se por meio de sinais ou de bilhetinhos levados por escravas. Então, no dia seis de março de 1817, o mundo virara de cabeça para baixo. Rebentara uma grande revolução no Recife; o capitão-mor português, Caetano Pinto, fora deposto e trancafiado no Forte do Brum; os pernambucanos proclamaram uma república e Domingos Martins fora eleito um dos seus cinco governadores provisórios.

Diante do novo quadro, Bento da Costa avaliou que não seria um bom negócio dizer não ao pretendente da sua filha. E já no dia 14 de março Domingos e Maria Teodora se casavam na capelinha de Nossa Senhora da Conceição, no sítio do pai dela, em Ponte d’Uchôa (hoje, Parque da Jaqueira). Os padres apressaram os trâmites e o governo bancou grandes comemorações públicas no Recife, em Olinda e nas povoações mais próximas, porque muito lhe interessava que o povo também participasse daquele evento.

Diante das questões militares, partiu para a Campanha de Pindoba, no dia 30 de abril de 1817, onde surgiram divergências geopolíticas entre ele e o General Suassuna. Esse, segundo Dias Martins (1853, p. 264), era a favor da capitulação, tendo em vista a desvantagem numérica das tropas pernambucanas perante o exército realista. Já Martins concordava com o prolongamento das batalhas. Entretanto, foi abandonado por muitos que discordavam de suas estratégias. Nessa condição, refugiou-se em lugares como Porto de Galinhas, onde foi preso pelos realistas e mandado para a Bahia a bordo do navio Carrasco. Após o julgamento, foi condenado ao arcabuzamento em 12 de junho de 1817.



JOÃO RIBEIRO PESSOA DE MELO MONTENEGRO

O Padre João Ribeiro Pessoa de Melo Montenegro nasceu em Tracunhaém, Pernambuco, a 28 de fevereiro de 1766. Foi colaborador botânico nas expedições científicas voltadas para a botânica do naturalista Dr. Arruda Câmara, de quem recebeu grande influência intelectual.

Homem culto, João Ribeiro entrou para vida religiosa no convento do Carmo, estudou, depois, no Seminário de Olinda e concluiu seus estudos no Colégio dos Nobres em Lisboa. Teve influência das ideias da Revolução Francesa no período que estudou na Europa. De volta para Pernambuco, estabeleceu-se como Sacerdote e professor no Seminário de Olinda. Nesta época, o Brasil tinha passado a Reino Unido de Portugal e Algarves e era sede do governo Português na pessoa de Dom João VI, que viera para o Brasil com quase toda corte para fugir da dominação francesa. Era, então, tempo das ideias separatistas na Europa e América do Norte.

A Revolução Pernambucana de 1817 reuniu intelectuais, Padres, senhores de engenhos, comerciantes e militares na busca de seus ideais de liberdade. O movimento eclodiu no dia 16 de março, durou 74 dias de República e expandiu-se até as províncias da Paraíba e do Rio Grande do Norte. Ao Padre João Ribeiro, por sua liderança e ideias com base num vasto conhecimento da causa, coube o cargo relativo aos negócios eclesiásticos, tendo recebido o total apoio dos religiosos e, também, do povo, sendo nomeado membro do Governo Provisório, no dia 8 de março de 1817. Coube a ele confeccionar a bandeira dos revoltosos de 1817, que viria a ser mais tarde adotada como a bandeira oficial do Estado de Pernambuco.

Não tardou a reação das Tropas Reais, o Recife foi tomado pelas tropas e todos os chefes foram mortos com a cabeça decapitada. O Padre João Ribeiro marchou com o destaque da tropa do Exército Patriótico para o engenho do Paulista, onde tantas vezes, em reuniões secretas, proclamara suas ideias de liberdade. Tiveram, então, notícia da derrota total do governo Provisório Revolucionário e da perseguição pelo Exército Real aos que haviam fugido da Capital. Entendendo que a derrota do movimento era o fim dos seus ideais e que seriam todos mortos pelas forças do poder prepotente que ele combatera, Padre João Ribeiro fez seu próprio julgamento, não aceitou que seus ideais fossem vencidos pelos inimigos e suicidou-se por enforcamento, como um forte soldado que não se entrega. Foi sepultado ao lado da Capela de Nossa Senhora da Conceição do Engenho Paulista. Três dias depois, seu cadáver, após ser desenterrado, foi mutilado, esquartejado e sua cabeça ficou exposta com escárnio na Praça do Pelourinho em Recife, por determinação do Almirante Rodrigo Lobo, comandante da esquadra das forças governamentais vitoriosas, que fora enviada pelo governo da Bahia.

O crânio do Padre João Ribeiro, até o ano de 2001, estava exposto no Instituto Arqueológico e Geográfico de Pernambuco, onde se cultua a História, e ficou exposto à visitação do público como forma de homenagem ao morto.

A diretoria do Instituto Arqueológico e Geográfico de Pernambuco, naquele ano, entendeu que, sem o sepultamento, o castigo do Padre seria perpetuado e, junto ao Governo do Estado, à Arquidiocese de Olinda e Recife, o Vigário Administrador da Paróquia, e o Prefeito Municipal, junto com o secretário de Turismo, Esporte e Cultura da Cidade do Paulista, resolveram sepulta-lo dignamente e de modo cristão, num gesto de respeito ao homem público e de ideal nacionalista que foi o Padre João Ribeiro. Em 29 de outubro de 2001, o crânio do Padre João Ribeiro, numa urna de bronze, finalmente foi enterrado num túmulo, construído especialmente para ele dentro da igreja de Santa Isabel Rainha de Portugal, no Centro de Paulista, à esquerda de quem entra no templo, após quase 2 séculos de seu sepultamento fora da igreja de Nossa Senhora da Conceição do engenho Paulista.

A nova sepultura na igreja de Santa Isabel é lacrada por uma placa de granito. Do lado esquerdo fica uma placa de bronze, contando a história da luta do religioso, e, no lado direito, um brasão em bronze com representações das Armas e Honras do Estado de Pernambuco, feito pelo escultor Jobson Figueiredo. Enfim, Paulista deu honrarias e o descanso merecido ao herói da Revolução Pernambucana de 1817, que, antes, em seu solo, pôs fim à sua vida, num gesto nobre de patriotismo.



DOMINGOS TEOTÔNIO JORGE MARTINS PESSOA

Domingos Teotônio Jorge Martins Pessoa era branco, educado, “de família”, embora pobre, e muito respeitado pelos companheiros de farda. Mas já veterano, aos 38 anos de idade, estacionara no grau de capitão, porque os portugueses só muito raramente permitiam que os oficiais brasileiros ascendessem a postos mais elevados; e jamais quando se tratava de patriotas notórios, como no caso dele. Teotônio só ganhou o generalato e o comando geral das tropas, em Pernambuco, após a Revolução. E, de quebra, herdou um monte de problemas deixados pelo governo luso, como a falta de efetivos e de treinamento.

O general Domingos Teotônio foi um dos principais líderes do movimento que, em 1817, tentou proclamar a independência de Portugal e implantar a democracia no Brasil. No início daquele ano ele esteve no Rio de Janeiro e na Bahia, na companhia de um xará, o comerciante Domingos Martins, e com seus irmãos maçons planejou o levante que deveria ser deflagrado naquelas duas capitanias e em Pernambuco, ao mesmo tempo, em abril. Mas a revolução nasceu prematuramente no Recife, no dia seis de março, e Teotônio foi eleito um dos cinco governadores provisórios da república aqui estabelecida, representando os militares.

Em maio, porém, o quadro já estava péssimo, com os portos bloqueados por uma esquadrilha inimiga e as tropas monarquistas prestes a invadir a capital pernambucana. Então, os demais governadores elegeram-no “ditador” — ou seja, comandante único, com plenos poderes —, com a missão de encontrar uma saída para a crise. E, naquele posto, Teotônio se viu obrigado a fazer uma escolha dificílima: ou abaixar as armas, como queriam uns, evitando, talvez, muitas mortes inúteis, mas abrindo mão dos seus sonhos; ou prosseguir com a luta, como queriam outros, custasse o que custasse. Inclusive, as suas próprias vidas. Então ele pensou, pensou, pensou, e tomou o rumo que lhe pareceu mais acertado.

Além das “milícias” da capital e das “ordenanças” do interior — corpos formados por voluntários civis —, na capitania havia apenas dois regimentos “de linha” (profissionais): o de Infantaria, sediado em Olinda, e o de Artilharia, no Recife. Ao todo, uns seiscentos homens, insuficientes até para o serviço obrigatório nessas duas cidades, com suas quatro fortalezas. E, embora a maioria dos oficiais fossem asseados e educados, os “mangas-lisas” (praças), cujo soldo não passava uma ração de farinha de mandioca e pouco mais de sessenta réis por semana, eram sujos e indisciplinados. Muitos roubavam, para manter suas famílias. Por isso, ninguém queria vestir farda. E para compor os regimentos, os portugueses, armados de cordas e correntes, caçavam recrutas, literalmente. Nenhum homem pobre estava a salvo, nem dentro das suas casas, e esse alistamento forçado era uma das maiores causas do ódio à monarquia e do apoio popular à Revolução. Mas, infelizmente, a Revolução decepcionou o povo.

Os republicanos começaram errando. Eles não engajaram nas tropas os voluntários do interior, que vieram se oferecer logo após o levante, ansiosos pela glória nos combates. Por isso, quando a luta irrompeu, de fato, já cessado o entusiasmo inicial, e era preciso cada vez mais soldados, foi necessário retomar o recrutamento à moda antiga. Depois, vieram os fracassos nos campos de batalha, devidos ao despreparo dos militares, a despeito da sua valentia.

Já no primeiro enfrentamento, na Mata Sul, no dia 18 de abril, uma coluna revolucionária foi derrotada por uma tropa vinda da comarca das Alagoas, rebelada contra a República, com péssima repercussão no meio do povo. Adiante, no dia dois de maio, houve uma vitória no Engenho Utinga, na mesma região. Um batalhão comandado pelo general Suassuna bateu os jagunços e moradores reunidos por proprietários locais que, na maioria, eram monarquistas. Mas, no confronto com o exército inimigo vindo da Bahia, no Engenho Trapiche, no dia 13, o Suassuna também foi vencido.

O quadro, então, ficou muito feio. A fome era grande, pois todo feijão, charque e farinha consumidos aqui vinham de fora, e o bloqueio dos portos impedia sua importação. A Paraíba e o Rio Grande do Norte que, de início, aderiram à Revolução e ajudavam, enviando alimentos, também retornaram aos braços monarquistas, assim como a maioria dos distritos pernambucanos. As tropas baianas e alagoanas que avançavam pelo sul, sob o comando do marechal Cogominho de Lacerda, a cada dia se aproximavam mais da capital. E as opiniões se dividiam sobre o que deveria ser feito.
Degolar os portugueses e incendiar o Recife

Na terceira semana de maio, muita gente no governo defendia a rendição já, em troca de condições vantajosas. Outros, porém, diziam que as naus do bloqueio não dispunham de soldados para tentar um desembarque; que o Cogominho ainda estava a muitas léguas de distância; que as tropas e o valente povo do Recife, assim como os de Olinda, Goiana e Igarassu, permaneciam fiéis à boa causa; e que a revolução ainda não fora derrotada.

Então, no dia 18, o general Teotônio tomou, enfim, uma decisão: mandou dois embaixadores ao encontro do comandante do bloqueio naval, o vice-almirante português Rodrigo Lobo, oferecendo abaixar as armas em troca de anistia geral e do esquecimento de tudo. Mas a resposta foi apenas “submissão sem condições”.

Teotônio insistiu. No dia seguinte despachou outro negociador, com um ultimato terrível: caso sua proposta não fosse aceita, ele degolaria todos os portugueses aqui residentes e incendiaria o Recife! Mas, supondo que o vice-almirante não cederia às suas ameaças, e sabendo-se incapaz de cumpri-las, nem esperou pela resposta. Enquanto o enviado negociava com Lobo, o general reuniu suas tropas e partiu à frente delas para o norte, pretendendo seguir com a luta no interior.

À noite, porém, arranchado no Engenho Paulista, após uma longa discussão com seus oficiais, Teotônio concluiu que o sonho, de fato, havia acabado. E cada qual, por conta própria, deveria tentar fugir da repressão portuguesa, que se anunciava ampla, geral e violentíssima.

Na manhã do dia 20, a coluna se dispersou. Nos meses seguintes, centenas de brasileiros bons e pacíficos foram presos, maltratados, tiveram seus bens sequestrados, e dezenas de líderes do movimento patriótico foram mortos. Entre eles, Domingos Teotônio Jorge, enforcado no Recife, no dia dez de julho, ao lado do Leão Coroado e do Vigário Tenório.

A cabeça do general e as dos seus companheiros, “que pensaram o crime” de se rebelar contra a injustiça, e as suas mãos, “que executaram esse crime”, foram cortadas e expostas em locais públicos, e os restos dos seus corpos arrastados pelas ruas, atados a caudas de cavalos. Mas os exemplos deixados por eles permaneceram vivos e frutificaram em Pernambuco, nas décadas seguintes.



JOSÉ LUIZ DE MENDONÇA

Nasceu no Recife em meados do século XVIII. Seguiu carreira militar, logrando a patente de capitão em 1814. Suas ideias receberam apreço de muitos republicanos, haja vista a participação de José Luiz nos clubes fomentadores de teorias liberais, como os do Cabo, de Suassuna e por ser um dos criadores da Academia do Paraíso. Seu papel conciliador também foi importante: declarada a Revolução Pernambucana, foi José Luiz negociar pessoalmente a retirada do capitão-general Caetano Pinto, que estava a serviço da Coroa.

Membro do Governo Provisório, foi José Luiz contestado enquanto republicano, por considerar relevante a criação de um documento formal, justificando ao rei D. João VI o porquê do movimento insurreto. Respondendo aos críticos, publicou um texto intitulado Preciso, no qual endossa as posições da república e do modelo liberal, no dia 10 de maio de 1817.

Em virtude do recuo das tropas republicanas, rendeu-se e foi mandado à Bahia bordo do navio Carrasco. Em seguida, foi submetido a julgamento e arcabuzado no dia 12 de junho de 1817.


MANOEL CORREIA DE ARAÚJO

Recifense de família opulenta era coronel, cujos soldados defendiam o Edifício do Erário no dia 6 de março de 1817 e se uniram aos demais separatistas no movimento republicano.

Foi representante da agricultura no Governo Provisório, mas durante o conflito capitulou, unindo-se ao exército realista do capitão-mor de Santo Antão.



CORONEL JOSÉ CARLOS MAYRINK DA SILVA FERRÃO

José Carlos Mayrink da Silva Ferrão (Ouro Preto, MG, 5 de dezembro de 1771 - 15 de janeiro de 1846, Recife, PE), foi um proprietário rural e político brasileiro. Filho do Capitão Baltazar João Mayrink e Maria Joaquina Dorotéia de Seixas, foi também irmão de Maria Dorotéia Joaquina de Seixas Brandão, também conhecida como "Marília de Dirceu". Ele adotou o nome de família Silva Ferrão.

No Rio de Janeiro, onde foi estudar, ele conheceu Caetano Pinto de Miranda Montenegro, governador nomeado de Mato Grosso, de quem se tornou secretário. Quando Montenegro foi transferido para Pernambuco, em 1804, José Carlos o acompanhou, continuando como secretário do governador.

Ele permaneceu no cargo até a deposição do governador em 1817. Envolvido na Revolução Pernambucana de 1817, ele teve que fugir e foi para o exílio em Paris. Voltando ao Recife, algum tempo depois, com o Império, foi nomeado o primeiro presidente da província de Pernambuco (nomeado carta imperial em 25 de abril de 1824, assumiu a 23 de maio de 1824), até 14 de abril de 1826, quando viajou para a corte imperial (a cidade do Rio de Janeiro) para assumir o cargo vitalício de senador do Império do Brasil, de 1826 a 1846. Ele reassumiu o cargo de presidente da província, voltando a administrá-la em 1827 (nomeado em 20 de janeiro de 1827, assumiu em 25 de outubro de 1827) até 29 de dezembro de 1828. Ele transferiu a capital de Pernambuco, Olinda para o Recife. Mais uma vez, ele foi o terceiro presidente de Pernambuco (de 30 de outubro de 1827 a 24 de dezembro de 1828).

Além de ter sido um senador do Império do Brasil, foi também Coronel de Milícias da Cavalaria do Cabo e, Coronel da Guarda Nacional. Foi também Cavaleiro da Imperial Ordem de Cristo.

Ele deixou descendência, por onde corre o nome de Seixas Ferrão, de seu casamento com Maria Joana Maria Gomes de Deus (1776, Recife, PE - 10 de agosto de 1866, Recife, PE), filha de João Antônio Gomes, chefe da família Gomes de Pernambuco e neta materna de Domingos Pereira Pires, patriarca da família Pereira Pires, de Pernambuco.



MIGUEL JOAQUIM D´ALMEIDA CASTRO “PADRE MIGUELINO”

Miguel Joaquim de Almeida e Castro (Natal, 17 de setembro de 1768 — Salvador, 12 de junho de 1817), mais conhecido como Padre Miguelinho, foi um revolucionário brasileiro conhecido por sua atuação na Revolução Pernambucana.

Padre Miguelinho nasceu em Natal em 17 de setembro de 1768, sendo filho do capitão português Manoel Pinto de Castro e de Francisca Antônio Teixeira. Foi batizado na Igreja Matriz de Natal em 3 de dezembro de 1768.

Foi morar em Recife com sua irmã Clara de Castro aos dezesseis anos e, em 1784, ingressou na Ordem Carmelita da Reforma, tornando-se o Frei Miguel de São Bonifácio. Conseguiu se tornar padre em 1800, por intermédio do Papa Pio VII, que lhe concedeu a secularização, mas a população em geral continuou a chamá-lo de Frei Miguelinho por algum tempo.

Foi mestre de retórica do Seminário de Olinda desde o seu primeiro dia, tendo-lhe cabido fazer o discurso inaugural; em 1817 participou na revolução que se esboçava. Participou do cerco ao Forte do Brum, no dia 6 de março de 1817. Já no dia seguinte, foi nomeado secretário do Governo Provisório no Edifício Erário (Campo da Honra). Desempenhou importantes funções no movimento separatista.

Foi preso no dia 21 de maio de 1817 e levado à Fortaleza das Cinco Pontas, junto com outros 72 revolucionários, que depois também seguiram para Salvador no navio Carrasco, onde desembarcaram em 10 de junho. Sob julgamento, foi sentenciado à execução por arcabuzes no Campo da Pólvora em 12 de junho de 1817.

Miguelinho foi condenado pelo crime de lesa-majestade e fuzilado no dia 12 de junho de 1817, sendo enterrado no Cemitério do Campo da Pólvora.



ANTÔNIO CARLOS RIBEIRO DE ANDRADA MACHADO E SILVA

Antônio Carlos Ribeiro de Andrada Machado e Silva (Santos, 1 de novembro de 1773 — Rio de Janeiro, 5 de dezembro de 1845) foi um juiz de fora, desembargador e político brasileiro. Usava frequentemente na época da Independência, em seus artigos em jornais, o pseudônimo "Philagiosetero". Adotou o nome parlamentar de Andrada Machado. Foi conhecido pela mordacidade de seu discurso contra o despotismo.

Formou-se em Direito e Filosofia pela Universidade de Coimbra. Ocupou os cargos de juiz de paz, em sua cidade natal; de ouvidor, na comarca de Olinda; e de desembargador, na Relação da Bahia.

Defensor da Independência, participou em Pernambuco da Revolução de 1817, ficando por isto preso durante quatro anos em Salvador.

Em 1821 elege-se deputado às Cortes de Lisboa, onde luta em vão contra as medidas recolonizadoras. Retirando-se de Portugal, refugia-se na Inglaterra. De lá volta ao Brasil em 1823, sendo eleito deputado à Assembleia Constituinte, na qual assume a presidência e é relator do projeto da Constituição. Após o fechamento da Constituinte, exila-se na França, juntamente com seus irmãos José Bonifácio e Martim Francisco.

No mesmo ano casa-se com Ana Josefina de Carvalho, filha de sua irmã Ana Marcelina Ribeiro de Andrada. Reside na França por cinco anos; retorna ao Brasil em 1828 e, após a abdicação de d. Pedro I em 1831, toma parte nas lutas políticas da Regência, participando do movimento restaurador.

Em 1838 é eleito deputado geral por São Paulo, sendo um dos artífices da antecipação da maioridade de d. Pedro II. Ocupa a pasta do Império no gabinete de 24 de julho de 1840. Em 1845 elege-se senador por Pernambuco, mas falece, no Rio de Janeiro, antes de exercer o mandato.



ANTÔNIO DE MORAIS E SILVA

António de Morais Silva (Rio de Janeiro, 1 de Agosto de 1755 - Pernambuco, 11 de Abril de 1824) foi um lexicólogo português nascido no Brasil (à época, colônia portuguesa).

Diplomado em direito civil e canónico pela Universidade de Coimbra, sua principal obra é o Dicionário da Língua Portugueza (1789), considerada marco inicial da lexicografia em língua portuguesa, "o início da dicionarística portuguesa moderna", origem e fundamento de "toda a genealogia lexicográfica desenvolvida ao longo dos últimos 200 anos" e fator de harmonia e sinergia linguísticas entre Brasil e Portugal. Capitão-Mor da vila de Santo Antônio do Recife na Revolução de 1817.

Um ano antes, em 1788, ao exilar-se em Inglaterra, fugindo da inquisição, traduziu História de Portugal.

Após o seu regresso ao Brasil, Morais da Silva exerceu advocacia em Pernambuco, e magistrado na Bahia.



GERVÁSIO PIRES FERREIRA

Nasceu no Recife em 26 de junho de 1765, mas constitui vida em Portugal, até a invasão das tropas de Napoleão Bonaparte, quando retornou a Pernambuco em 1808 e estabeleceu atividades de negócios, abrindo casas de crédito.

Até o dia 6 de março não era contado por muitos partícipes do movimento republicano enquanto colaborador da referida causa. Todavia, começada a mudança do cenário político, teve Gervásio Pires adesão fundamental, colaborando em questões ideológicas e materiais, haja vista o uso de seu navio Espada de Ferro, no intuito de levar pernambucanos aos Estados Unidos para trazerem armamentos.

No dia 11 de março de 1817, Gervásio Pires foi designado presidente do Erário, em substituição a Cruz Cabugá, e, posteriormente, eleito para o conselho de governo ao lado de Morais Silva e de Antônio Carlos de Andrada e Silva. Com a retaliação monárquica, foi Gervásio capturado e detido na Bahia durante 4 anos.

No retorno a Pernambuco, desempenhou mais funções na esfera política e após a Convenção de Beberibe em 1821 foi nomeado presidente da Província. Mas, algumas fragmentações entre os pernambucanos e a desconfiança perante vários portugueses, influiu em seu apreço político, levando Gervásio à deposição de seu cargo em menos de um ano e partindo para o Rio de Janeiro.

Passado o período de levantes, Gervásio voltou a Pernambuco, onde faleceu no dia 9 de março de 1836 e teve o corpo sepultado na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, no bairro da Boa Vista.



BERNARDO LUIZ FERREIRA PORTUGAL, DEÃO DE OLINDA

Nasceu no Recife em 1755. Logo jovem foi para Portugal, onde cursou Direito na Universidade de Coimbra e obteve os graus de Doutor em Cânones e Direito Civil. Na mesma época se ordenou na Igreja Católica e em meados de 1780, se encontrava no Recife, trabalhando como advogado. Suas ideias políticas causaram descontentamento em alguns membros do Clero, culminando em seu degredo para a capitania do Pará em 1795. Mesmo assim, conseguiu Bernardo se articular, regressando a Pernambuco em fins do século XVIII.

Em 1817, teve ligações profundas com o movimento separatista, inclusive discursando na solenidade de adoção da bandeira republicana e tornando-se Deão de Olinda. Entretanto, com o isolamento das tropas locais e a chegada do efetivo real, foi preso no Varadouro e mandado a bordo do navio Carrasco para a Bahia. Sob julgamento, foi livrado da pena de morte, mas passou 4 anos na cadeia baiana, até a concessão da anistia em 1821.

Passou mais tempo na Bahia até regressar ao Recife, onde exerceu os cargos de vigário geral do Bispado, juiz dos casamentos, comissário do Santo Ofício, procurador fiscal da Tesouraria da Fazenda, conselheiro do Governo e Vice-Presidente da Província no ano de 1832.



ANTÔNIO GONÇALVES DE CRUZ CABUGÁ

Antônio Gonçalves de Cruz Cabugá nasceu no Recife, Pernambuco, na segunda metade do século XVIII. Estabelecido com um comércio, mantinha um grande círculo de amizades, tanto na cidade onde morava, como em um sítio que possuía na localidade de Manguinhos. Eram frequentes as festas realizadas em sua residência, para aliciar adeptos para a Maçonaria.

Em 1817, eclodiu a Revolução pernambucana, deflagrada contra a opressão da corte portuguesa, com a cobrança de elevados impostos. Depois de controlar a cidade, trataram os revolucionário de consolidar e organizar a república. Os oficiais desfizeram-se das insígnias portuguesas e ocuparam a praça do Erário, onde estavam depositados seiscentos contos de reis. Para presidir o Erário, foi nomeado o comerciante Antônio Gonçalves de Cruz Cabugá.

O governador de Pernambuco, Caetano Pinto de Miranda Montenegro, foi deposto e foi convocada uma eleição para a constituição do novo governo, que depois de formado, passou a se comunicar com o interior, com as capitais vizinhas e com o exterior. Assim, buscando o reconhecimento do governo da república, seguiu para os Estados Unidos o comerciante Cruz Cabugá.

Sua missão nos Estados Unidos, seria, além do reconhecimento, adquirir armas e munições para combater as tropas do rei Dom João VI e também contratar oficiais franceses do antigo exército napoleônico que estivessem na América do Norte, a espera de emprego e oportunidade.

Do governo americano conseguiu o compromisso de que, enquanto durasse a revolução, os Estados Unidos liberaria a entrada de navios pernambucanos em águas americanas e receberia exilados, caso a rebelião fracassasse.

Temeroso das represálias e castigos que poderiam cair sobre ele, ficou nos Estados Unidos. Os soldados recrutados quando chegaram ao Brasil foram presos antes de desembarcarem. Cruz Cabugá teve seus bens confiscados.

Apesar da adesão de vários Estados, a revolução Pernambucana de cunho republicano e federativo, fracassou. Em 1821, com o perdão real, Cruz Cabugá voltou ao Brasil, pode reaver os seus bens e retomar suas atividades. Em 1831 foi nomeado cônsul geral do Brasil na Bolívia, onde faleceu em 1833.



FRANCISCO DE PAULA CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE, VULGO SUASSUNA

Nascido no Recife teve uma educação financiada por seus pais. Posteriormente, entrou na carreira militar e aproximou-se das leituras relacionadas às ideias da Democracia e do Liberalismo.

Em 1801, foi preso sob a acusação de uma suposta revolução, na qual Pernambuco seria protegido por Napoleão Bonaparte. A administração da capitania tolheu Francisco de Paula de receber qualquer visita em seu cárcere, à exceção de médicos, na tarefa de assistirem sua saúde.

Foi libertado em 1802, recebendo posteriormente, o titulo de fidalgo e o de coronel do Engenho Suassuna, local esse, utilizado em prol de um movimento republicano.

Eclodida a Revolução Pernambucana, foi promovido a general de divisão do exército patriótico. As tropas reais, mais numerosas, entraram em Pernambuco e travaram combates contra o general Suassuna, que partiu em retirada para o Recife, sendo preso em 1817, levado à Bahia no brigue Carrasco e detido na cadeia até o ano de 1821, quando também falece retorna a Pernambuco e falece.


FELIPE NERI FERREIRA

Filipe Neri Ferreira (1783 - 1834) foi um militar, magistrado e político brasileiro. Juiz, foi o primeiro chefe do Tribunal de Polícia de Pernambuco, criado em 1817.

Participou da Revolução de 1817, como tenente, e quando preso foi enviado à Bahia. Libertado em 1821, retornou a Pernambuco.

Foi presidente da província da Paraíba logo antes da Confederação do Equador, de 9 de abril a 21 de julho de 1824.



ANDRÉ DE ALBUQUERQUE MARANHÃO

Nascido no Rio Grande do Norte era senhor da casa de Cunhaú e coronel das milícias a cavalo. Foi um dos líderes do movimento separatista, tornando-se presidente do Governo Provisório no Rio Grande do Norte. Mas opositores vararam seu corpo com espadas. Perto de sua morte, seu amigo o padre Dornellas prestou lhe as últimas orações. Foi enterrado com grilhões em seu cadáver.


ANTÔNIO HENRIQUES RABELLO

Nascido no Ceará mudou-se na infância para o Recife, ingressando na carreira militar. No dia 6 de março de 1817, ocupava o posto de segundo tenente do Regimento de Artilharia. Alastrado o movimento republicano, Antônio Rabello uniu-se a outros adeptos das circunstâncias, ocupou o Forte do Brum e o Campo do Erário. Depois assumiu o comando da então Fortaleza das Cinco Pontas.

Mas, com o declínio da República, foi Antônio preso, julgado e no dia 5 de julho de 1817 no Campo da Honra (atual Praça da República) executado. Depois do ocorrido, cortaram-lhe a cabeça, espetando-a próxima da forca. Ainda deceparam suas mãos, fincando-as na Ponte do Recife. O restante do corpo foi arrastado por um cavalo até o Cemitério da Matriz do Santíssimo Sacramento, no bairro de Santo Antônio.



FRANCISCO MUNIZ TAVARES

Nasceu no Recife, em 16 de janeiro de 1893. Abraçou a carreira eclesiástica, celebrando sua primeira missa em Pernambuco no ano de 1816. Foi nomeado capelão do Hospital do Paraíso, onde havia uma suposta academia, que escamoteava a estrutura de um clube de discussão das ideias liberais.

Francisco Muniz acabou afirmando sua visão republicana e participou do movimento separatista em Pernambuco. No entanto, após a derrota e perda de territórios, Muniz Tavares, juntamente com outros pernambucanos, foi preso e mandado a bordo no navio Mercúrio para a Bahia.

Após julgamento, passou anos na cadeia, até receber anistia em 1821. Em seu regresso a Pernambuco, conseguiu a nomeação de professor régio da cadeira de latim, na vila do Cabo. Sua participação em futuros atos políticos continuou. Não somente, desempenhou atividades intelectuais e teve valiosa contribuição acadêmica.

Em 1840, publicou pela Typographia Imparcial de L. I. R. Roma a História da Revolução de Pernambuco de 1817. Outras edições foram lançadas posteriormente, inclusive uma em 1917, em comemoração ao centenário da Revolução, exemplar esse, contido na Biblioteca Pública de Pernambuco.



JOAQUIM DO AMOR DIVINO CANECA "FREI CANECA"

Nasceu no Recife em 1779, no seio de uma família da classe média. Seu último nome era Rabello, que foi substituído por Caneca em homenagem ao ofício do seu pai de tanoeiro. Seguiu a vida eclesiástica, entrando no convento em 1796.

Participou do movimento separatista em 1817, pois já frequentava os clubes de ideias liberais, desempenhando uma importante função na propagação dessas ideias, inclusive fora de Pernambuco. Com a entrada das tropas realistas, foi preso, enviado à Bahia no navio Mercúrio, ficando no cárcere até 1821.

Nesse tempo escreveu diversos textos, muitos inclusive de poesia. Após sua libertação, participou de mais ações contra a Monarquia. É conhecido pelas críticas ao Imperador no movimento separatista de 1824, intitulado Confederação do Equador, o qual levou Frei Caneca ao arcabuzamento.



JOSÉ DE BARROS LIMA "O LEÃO COROADO"

José de Barros Lima nasceu na Capitania de Pernambuco, em área do atual município de São Lourenço da Mata, então pertencente ao Recife, no ano de 1764. Quando jovem, adentrou na carreira militar mas logo pediu baixa e foi nomeado diretor da aldeia de índios de Limoeiro, cargo que exerceu entre 1794 e 1796. Voltou ao Exército, lotado no Regimento de Artilharia, após cursar matemática em Lisboa. Foi promovido a capitão por patente de 12 de abril de 1813. A denominação "Leão Coroado" lhe foi dada devido a sua intrepidez e bravura e à calvície em forma de coroa com longos cabelos nos lados que ostentava.

Em 1817, o Leão Coroado aderiu à Revolução Pernambucana. Os revolucionários planejavam revoltar-se no período da Páscoa, mas o governador Caetano Pinto de Miranda Montenegro, conhecendo os nomes que encabeçavam a revolução, resolveu convocar uma reunião com os comandantes da tropa para decidir sobre o destino dos conspiradores. 

No dia 6 de março, por volta das 11 horas da manhã, o governador tendo sido avisado que um motim estava para acontecer, ordenou a prisão imediata de Domingos José Martins, do Padre João Ribeiro e de Cruz Cabugá. No Forte das Cinco Pontas, após as prisões, ocorreu um levante dos próprios militares envolvidos com a revolução dentro do quartel. Os oficiais revolucionários não se subordinaram às ordens do governador, e o capitão José de Barros Lima reagiu à voz de prisão do comandante do regimento Barbosa de Castro matando-o com golpes de espada. Estava iniciada a insurreição.

Com o fim do movimento, José de Barros Lima foi condenado à morte por crime de lesa-majestade, subindo ao patíbulo no Recife em 10 de julho de 1817. Enforcado, teve o seu corpo morto esquartejado: o tronco foi arrastado a cauda de cavalos pelas ruas recifenses até o cemitério; suas mãos foram expostas no quartel do regimento; e sua cabeça foi exposta em Olinda.





JOSÉ INÁCIO RIBEIRO DE ABREU E LIMA "PADRE ROMA"

Conhecido também como Padre Roma nasceu no Recife em 1768. Descendente de uma linhagem de militares tornou-se padre no Instituto Carmelitano, com o nome de Frei José de Santa Rosa.

Na década de 1780, partiu para Universidade de Coimbra, onde alcançou o grau de bacharel em Teologia. Em seguida foi à Itália, residindo alguns anos. Em 1807, consumou a nulidade de sua carreira eclesiástica, voltando a Pernambuco, trabalhou como advogado, alcançando certa expressão em seu meio.

A partir de tal, expôs suas posições favoráveis à república, colaborando de frente com o movimento separatista de 1817. Ficou então o Padre Roma encarregado da articulação política do movimento. Ele seguiu até Alagoas, onde apanhou uma balsa para a Bahia. A sua ida, que a princípio era sigilosa, foi descoberta antes mesmo de sua chegada, sendo o padre surpreendido e capturado pelo capitão-general Conde dos Arcos, na praia de Itapoã.

Posteriormente, formou-se no tribunal, um julgamento contra o padre Roma. Ao entardecer de 29 de março de 1817, foi executado por arcabuzes, inclusive obrigatoriamente assistido pelo seu filho, até então capitão e posteriormente conhecido como general Abreu e Lima.



JOSÉ MARIANO DE ALBUQUERQUE CAVALCANTI

Nascido em Sobral no Ceará, participou das academias do Paraíso e Suassuna, envolvendo-se também com a declaração da república em Pernambuco, com a morte do Brigadeiro Manoel Barbosa e a libertação dos presos associados ao movimento separatista. Não obstante, foi eleito governador de Olinda e general em Alagoas.

Derrubado o movimento, mandado à Bahia na embarcação Mercúrio, onde permaneceu encarcerado, mesmo declarada a anistia em 1821. Essa lhe foi negada sob acusação de assassínio do brigadeiro Manoel Barbosa.

Apelou, portanto para o governo em Lisboa, no intuito de perdoá-lo, o que ocorreu posteriormente. Ainda participará de outros momentos políticos, compondo a Junta Provisória em Pernambuco, por volta de 1822.



JOSÉ MARTINIANO DE ALENCAR

Nascido no Crato estudava no Seminário de Olinda quando estourou o movimento republicano em 1817. Em seguida, partiu ao Ceará no intuito de aglutinar pessoas dispostas à referida causa e declarar independência diante da Monarquia. 

No entanto, com a retenção do movimento, foi preso e após soltura, envolveu-se com políticas de outras localidades, inclusive partindo para Portugal, onde foi deputado. Depois emigrou para Londres em 1823.


JOSÉ PEREGRINO XAVIER DE CARVALHO

Nascido na Paraíba teve contribuição no movimento separatista desse local. Com a sua prisão, foi mandado ao Recife, acusado de líder dos republicanos e enforcado no Campo do Erário em 21 de agosto de 1817. 

Suas mãos e cabeças, as quais enviaram à Paraíba. O restante do corpo foi arrastado por cavalo até o cemitério da Igreja do Santíssimo Sacramento de Santo Antônio no Recife.



MANOEL CLEMENTE CAVALCANTI

Manoel Clemente Cavalcanti: Residente em Itabaiana foi crucial no apoio ao movimento separatista pernambucano, principalmente em sua disseminação na Paraíba, no dia 14 de março de 1817. Participou da batalha da Pindoba em 15 de maio. 

Foi preso e mandado para a Bahia, julgado e encarcerado até março de 1821. Uniu-se aos pernambucanos contra o governador Luiz do Rego Barreto em Goiana. Posteriormente, estabeleceu relações com o Imperador D. Pedro I, sendo nomeado conselheiro no Rio de Janeiro em 1822.


MANOEL DE SOUZA TEIXEIRA

Nascido no final do século XVIII, no seio de uma família abastada do Recife seguiu carreira militar, chegando até tenente-coronel da Guarda Nacional em 1843. Aproximou-se das idéias separatistas associadas a Domingos José Martins e João Ribeiro. 

No dia 6 de março de 1817 foi preso e enviado ao Forte das Cinco Pontas. Com a eclosão do movimento republicano, Manoel Teixeira foi solto e em seguida colaborou com a insurreição. 

Contudo, após a derrota da república dos pernambucanos, foi preso novamente e mandado para a Bahia a bordo do navio carrasco. Após julgamento, foi condenado ao degredo na costa da África. 

Só retornou ao Recife em 1821, após D. João VI conceder-lhe anistia. No entanto, a partir da década de 1840, aproximou-se da monarquia, sendo presidente e vice-presidente da província de Pernambuco e alcançando o título de Barão de Capibaribe.



PEDRO DA SILVA PEDROSO

Nasceu no Recife, no final do século XVIII e entrou no Regimento de Artilharia dessa cidade como soldado, galgando até o posto de capitão em 1816. No dia 6 de março de 1817, foi responsável da morte do tenente-coronel Alexandre Thomaz, ajudante de ordens do capitão-general Caetano Pinto, a favor do regime monárquico.

Tomando partido da república, Pedroso ocupou o edifício do Erário e deslocou-se para o cerco no Forte do Brum. Participou também da soltura do Domingos José Martins. Diante do Governo Provisório, foi promovido a coronel da república. No entanto, com a derrota dos separatistas, foi enviado à Bahia e encarcerado até 1821, quando recebeu a condenação para o exílio na Ásia. Chegou até a Prisão do Castelo em Portugal.

Contudo, obteve a clemência e foi autorizado a retornar para o Brasil. Mais uma vez, partícipe de novas tentativas republicanas, ocupou o cargo de chefe das armas em Pernambuco. No entanto, divergências internas fragmentaram o movimento, resultando em sua impossibilidade de pôr adiante um modelo republicano. Na volta ao Brasil teve Pedro sua patente rebaixada, mas conseguiu retomar os postos gradativamente, falecendo coronel no Rio de Janeiro.

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